Seu dia talvez comece com uma xícara de café fumegante. Mas e se essa rotina aparentemente inofensiva estiver, silenciosamente, anulando o efeito dos seus medicamentos?
Segundo estudos recentes de 2025, a cafeína pode interferir diretamente na absorção e metabolização de fármacos como antidepressivos, remédios para tireoide e tratamentos contra gripes. Em casos extremos, pode reduzir a eficácia em até 50%.
Se você utiliza levotiroxina, sertralina, clozapina ou toma remédios para resfriado, o café pode estar tornando seu tratamento menos efetivo e mais arriscado. Não se trata de eliminar o café da rotina, mas de entender como e quando consumi-lo para evitar interações prejudiciais.
A seguir, revelamos as 7 classes de medicamentos mais afetadas pela cafeína e como você pode proteger sua saúde sem abrir mão do seu ritual matinal.
1. Levotiroxina: atenção redobrada com o café da manhã
A levotiroxina, amplamente prescrita para tratar o hipotireoidismo, é altamente sensível a interações alimentares. Estudos mostram que tomar café logo após ingerir o medicamento pode reduzir sua absorção em até 50%.
Isso ocorre porque a cafeína acelera a motilidade intestinal e pode se ligar à substância ativa ainda no estômago. O resultado? Menos hormônio chega à corrente sanguínea, o que pode reativar sintomas como cansaço, ganho de peso e constipação.
Solução: aguarde pelo menos 30 a 60 minutos após tomar o medicamento antes de consumir café.
2. Antidepressivos ISRS: queda de absorção e eficiência

Medicamentos como sertralina e citalopram, da classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), podem ter sua eficácia reduzida pela cafeína. Estudos indicam que a cafeína pode se ligar a esses fármacos no estômago, impedindo sua absorção ideal.
Resultado: o paciente pode não sentir os efeitos esperados no controle da ansiedade e depressão.
Recomendação: se você usa ISRS, espaçar a ingestão de café e do medicamento pode otimizar os resultados.
3. Antidepressivos tricíclicos: metabolismo comprometido
Medicamentos mais antigos como amitriptilina e imipramina competem com a cafeína na enzima hepática CYP1A2, responsável pela sua metabolização. Isso pode prolongar a permanência de ambos no organismo, elevando o risco de efeitos adversos como sonolência excessiva ou agitação prolongada.
Dica importante: avalie junto ao seu médico se é necessário ajustar a dose do medicamento ou o horário do café.
4. Antipsicóticos como a clozapina: risco elevado

A clozapina, utilizada em transtornos psicóticos graves, também é metabolizada pela CYP1A2. Estudos mostram que o consumo de duas ou três xícaras de café pode aumentar os níveis plasmáticos de clozapina em até 97%.
Esse aumento pode levar a sintomas como confusão mental, sonolência intensa e até complicações cardíacas.
Atenção: pacientes devem relatar qualquer alteração nos hábitos de consumo de café ao psiquiatra.
5. Medicamentos para resfriado e gripe: estímulo em excesso
Remédios como o Sudafed contêm pseudoefedrina, um estimulante que, combinado à cafeína, pode provocar nervosismo, insônia, taquicardia e dores de cabeça. A combinação também pode elevar a temperatura corporal e glicemia, o que é preocupante para quem tem diabetes.
Fique atento: evite bebidas cafeinadas enquanto estiver utilizando medicamentos para resfriado.
6. Medicamentos para TDAH e asma: sobrecarga estimulante
Fármacos como anfetaminas (usadas no tratamento de TDAH) e teofilina (para asma) têm estrutura química similar à da cafeína. Ao serem combinados, os efeitos estimulantes se potencializam, elevando o risco de palpitações, ansiedade e distúrbios do sono.
Recomendação prática: monitore sua sensibilidade e converse com seu especialista sobre a combinação.
7. Analgésicos comuns: absorção mais rápida, mas com riscos
Paracetamol e aspirina, quando combinados com café, são absorvidos mais rapidamente devido ao esvaziamento gástrico acelerado. Embora isso melhore a resposta à dor, também pode aumentar o risco de irritação estomacal e hemorragias.
Dica final: evite tomar mais de uma fonte de cafeína junto aos analgésicos.
Ajustar o horário do café é estratégia de saúde
Tomar café não é um erro, mas ignorar suas interações com medicamentos pode comprometer seu tratamento. Pequenas mudanças de horário ou espaçamento entre doses podem prevenir sintomas inesperados e melhorar a eficácia terapêutica.
Na dúvida, consulte sempre um profissional de saúde. Afinal, cada organismo responde à cafeína de maneira diferente e o que funciona para um pode ser prejudicial para outro.