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Pesquisadores da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, desenvolveram um método inusitado que pode transformar o mercado de cafés prontos para consumo: um sistema que utiliza ondas sonoras de alta frequência para gelar o café recém-preparado em apenas três minutos, sem alterar seu sabor original.

Em vez de depender de resfriamento por contato, o processo é baseado em vibrações acústicas que aceleram a troca térmica entre o líquido quente e um banho resfriado.

A inovação foi publicada na AIP Advances e promete reduzir o tempo de preparo de cafés gelados industriais, abrir novas possibilidades para cafeterias e até beneficiar o setor de bebidas funcionais.

Além de eficiente, o método elimina o uso de gelo (que dilui o café), conservando suas propriedades sensoriais. A promessa é clara: uma xícara de cold brew com sabor preservado, textura uniforme e pronta para consumo quase instantaneamente. E o melhor, sem necessidade de equipamentos caros ou complexos.

O que você vai aprender

Como funciona a técnica com ondas sonoras?
Usa vibrações ultrassônicas para acelerar o resfriamento do café em um banho térmico controlado.

Por que isso é relevante para o mercado de cafés?
Reduz o tempo de produção de cafés gelados, melhora a consistência e mantém o sabor original.

A tecnologia altera o sabor ou aroma do café?
Não. Os testes indicam que o perfil sensorial se mantém inalterado, ao contrário de métodos com gelo.

Pode ser aplicada fora do laboratório?
Sim. A técnica é escalável para produção industrial e pode ser adaptada em equipamentos de cafeterias.

Essa inovação já está no mercado?
Ainda não, mas o estudo de viabilidade já foi publicado e há potencial para aplicação comercial.

Qual o impacto ambiental?
Pode reduzir o consumo de energia em métodos tradicionais de resfriamento e evitar o desperdício causado por diluição com gelo.

A seguir, veja como a técnica pode mudar a forma como cafés gelados são produzidos e consumidos no Brasil e no mundo:

café gelado
Imagem Ilustrativa

Como as ondas sonoras aceleram o resfriamento?

O método, conhecido como acoustic levitation cooling, utiliza transdutores ultrassônicos para gerar ondas mecânicas em frequência elevada.

Quando o café quente é colocado em um recipiente dentro de um banho térmico resfriado, essas ondas provocam microagitações que quebram a barreira térmica entre o líquido e o ambiente refrigerado.

Essa barreira que normalmente reduz a eficiência da troca de calor, é eliminada, permitindo que o café atinja temperaturas ideais de consumo (cerca de 5 °C) em menos de três minutos.

Essa abordagem foi validada com experimentos laboratoriais e pode, segundo os autores, ser adaptada a sistemas de preparo em escala.

Qual a diferença para métodos tradicionais de café gelado?

Hoje, os métodos mais comuns incluem:

  • Cold brew: infusão em água fria por 12h a 24h.
  • Iced coffee: café quente despejado sobre gelo (o que dilui o sabor).
  • Flash chilled: café quente resfriado rapidamente por contato com superfícies metálicas frias.

Todos eles apresentam limitações. O cold brew, apesar de popular, é lento e sujeito a variações no sabor. O iced coffee perde intensidade com o gelo. E o flash chilled exige equipamentos específicos e nem sempre garante uniformidade.

Com as ondas sonoras, o café mantém as características do preparo quente, com rapidez comparável ao resfriamento por contato, mas sem diluição e com consistência superior.

Aplicações possíveis no mercado

A inovação abre oportunidades em diferentes frentes:

1. Cafeterias e coffee shops

Pequenos negócios podem incorporar sistemas de resfriamento acústico para atender à demanda crescente por bebidas frias com rapidez e qualidade. Isso elimina a necessidade de estoque de cold brew e evita perdas por oxidação.

2. Indústria de bebidas

Empresas que produzem café engarrafado podem acelerar processos, diminuir custos com refrigeração prolongada e ampliar o shelf life sem conservantes.

3. Produtos funcionais e prontos para consumo

A tecnologia permite combinar café com ingredientes sensíveis a calor (colágeno, probióticos, vitaminas), sem degradá-los, ampliando o portfólio de bebidas funcionais.

Efeitos sobre o sabor e qualidade sensorial

Os pesquisadores realizaram testes cegos com painéis de degustadores. Os resultados mostraram que:

  • Não houve perda de aroma;
  • O amargor e a acidez se mantiveram equilibrados;
  • A textura foi considerada superior à de cafés gelados com gelo.

Além disso, a bebida resultante apresentou coloração mais intensa e uniforme, o que é um diferencial importante para marcas que vendem em frascos transparentes.

O que dizem os especialistas?

Segundo o químico alimentar Dr. Florian Wurmus, coautor do estudo, “essa técnica pode transformar a forma como resfriamos líquidos sem comprometer sua integridade sensorial, especialmente em bebidas que exigem perfil delicado como o café.”

Baristas brasileiros que analisaram o estudo também destacam o potencial da técnica para ambientes tropicais, onde cafés gelados têm alta demanda, mas sofrem com os desafios de consistência e preparo.

como fazer café gelado
Imagem Ilustrativa

Quais são as limitações atuais?

Apesar do potencial, o sistema ainda está em fase de protótipo. As principais limitações são:

  • Necessidade de recipientes específicos;
  • Custo dos transdutores ultrassônicos em larga escala;
  • Demanda por padronização para bebidas com diferentes densidades e volumes.

A boa notícia: o time de cientistas está trabalhando em soluções para tornar o sistema portátil e aplicável comercialmente até 2026.

Contexto: o crescimento do mercado de cafés gelados

Segundo a Statista, o mercado global de cold brew deve atingir US$ 1,5 bilhão até 2027. No Brasil, os cafés gelados têm ganhado espaço entre os jovens e consumidores que buscam alternativas refrescantes com cafeína.

Grandes marcas como Starbucks e Dunkin’ Donuts já investem pesado em variações de cold brew, nitro coffee e frappuccinos, mas ainda enfrentam os mesmos desafios: preparo lento, consistência instável e perdas sensoriais.

Essa nova tecnologia pode, portanto, representar uma vantagem competitiva significativa para marcas que desejam inovar.

O uso de ondas sonoras para gelar café pode parecer ficção científica, mas já é uma realidade em fase experimental com resultados promissores. Essa técnica não apenas acelera o preparo, como preserva sabor, textura e aroma, algo que nenhum método atual entrega com perfeição.

Para cafeterias, indústrias e consumidores exigentes, essa pode ser a próxima revolução na forma como bebemos café gelado.

Autor

  • david dias

    Apaixonado por café e entusiasta do universo dos grãos, David Dias é especialista em explorar sabores, métodos de preparo e curiosidades sobre a bebida mais amada do mundo. Com anos de experiência no mercado de cafés especiais, compartilha dicas práticas e informações valiosas para transformar sua experiência com o café. Acredita que cada xícara tem uma história e está aqui para ajudar você a descobrir a sua.

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