Quando se fala em café, o brasileiro já pensa em aroma forte e sabor marcante. Mas você sabia que existem diferentes classificações de cafés, cada uma com critérios próprios de qualidade?
Termos como extraforte, tradicional, superior, gourmet, especial e extraordinário não são apenas estratégias de marketing: eles representam diferentes padrões de seleção, torra e avaliação sensorial.
De maneira prática, a ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) é responsável pela classificação dos cafés de consumo comum, como o extraforte, tradicional, superior e gourmet. Já os cafés especiais e extraordinários seguem a avaliação da BSCA (Brazil Specialty Coffee Association), que adota os rigorosos critérios internacionais da SCA (Specialty Coffee Association).
Em termos de qualidade:
- O café extraforte é o de menor nota, com torra muito escura e amargor intenso.
- O tradicional apresenta impurezas e pouca seleção, sendo amplamente consumido no dia a dia.
- O superior/premium é mais refinado, mas ainda contém defeitos.
- O gourmet já não tem impurezas e entrega sabor mais equilibrado.
- O especial supera 80 pontos na escala SCA, com notas sensoriais complexas.
- O extraordinário alcança acima de 90 pontos, sendo considerado uma raridade no mercado.
Saber essas diferenças é essencial para escolher melhor a bebida que chega à sua mesa e valorizar produtores que seguem boas práticas. Mas, afinal, o que realmente diferencia cada tipo e como eles chegam a essas classificações? Continue lendo e descubra uma verdadeira imersão no universo do café.
Índice de conteúdo
- Quais são os tipos de cafés?
- Quem classifica os cafés?
- Café extraforte
- Café tradicional
- Café superior ou premium
- Café gourmet
- Café especial
- Café extraordinário
- O café mais bem pontuado do mundo
- Curiosidade: o que significa “bebida dura”?
Quais são os tipos de cafés?
De forma simplificada, os cafés podem ser classificados em seis grandes categorias:
- Café extraforte
- Café tradicional
- Café superior ou premium
- Café gourmet
- Café especial
- Café extraordinário
Uma maneira didática de visualizar isso é pensar em uma pirâmide de qualidade: quanto mais alto o nível, maior a pureza do grão, menor a presença de defeitos e mais rica a experiência sensorial.
Quem classifica os tipos de café?
No Brasil, as classificações seguem dois critérios distintos:
- ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café): responsável pela análise de cafés comerciais, avaliando categorias que vão de 0 a 10 pontos.
- BSCA (Brazil Specialty Coffee Association): segue os padrões internacionais da SCA, atribuindo notas de 0 a 100, onde apenas cafés acima de 80 pontos são considerados especiais.
Escala de pontuação simplificada
Tipo de café | Pontuação |
---|---|
Café extraordinário | Acima de 90 pontos |
Café especial | Acima de 80 pontos |
Café gourmet | Entre 75 e 80 pontos |
Café superior/premium | Entre 70 e 75 pontos |
Café tradicional | Entre 65 e 70 pontos |
Café extraforte | Abaixo de 65 pontos |
Café extraforte: intensidade que esconde defeitos
O café extraforte é caracterizado por uma torra extremamente escura, muitas vezes próxima à carbonização. Esse processo mascara defeitos e impurezas presentes na mistura, que pode conter galhos, cascas, grãos verdes ou fermentados.
A moagem é feita de forma bem fina, para aumentar a extração da cor e o rendimento. O resultado é uma bebida amarga, de corpo pesado e baixo valor sensorial. Por isso, é chamado popularmente de “café de combate”.
Apesar de ser o mais consumido entre os brasileiros, sua qualidade é a mais baixa da escala.
Café tradicional: comum, mas pouco refinado
O café tradicional é produzido sem seleção criteriosa. Na colheita, os frutos são retirados todos de uma vez, independentemente de estarem verdes, maduros ou passados.
Embora a torra não seja tão queimada quanto a do extraforte, ainda assim é bastante escura. A moagem, geralmente fina, também serve para disfarçar impurezas e acentuar o amargor.
Esse é o motivo pelo qual muitos consumidores sentem necessidade de adoçar a bebida, tornando o café tradicional menos apreciado quando consumido puro.
Café superior ou premium: um passo além
O café superior, também chamado de premium, representa uma melhora em relação ao extraforte e ao tradicional, mas ainda não atinge os padrões mais elevados.
Esse tipo permite até 10% de grãos defeituosos, como frutos verdes ou malformados. A torra costuma ser escura e o sabor ainda tende ao amargor.
Embora esteja um degrau acima dos cafés comuns, ainda não pode ser considerado um café de alta qualidade.
Café gourmet: pureza e equilíbrio
Subindo na escala de qualidade, temos o café gourmet. Ele é produzido a partir de grãos selecionados, livres de impurezas e defeitos.
O perfil sensorial já apresenta maior equilíbrio, com notas mais perceptíveis de doçura, corpo e acidez. No entanto, ainda não passa pelo rigor de classificação dos cafés especiais.
O gourmet é visto como um intermediário entre o café comercial de maior qualidade e os cafés de padrão internacional.
Café especial: complexidade e excelência
Os cafés especiais são o ápice da qualidade na maior parte do mercado. Eles passam por um rigoroso processo de seleção e são avaliados segundo os padrões da SCA.
Para receber essa classificação, precisam alcançar mais de 80 pontos em atributos como:
- Aroma e fragrância
- Uniformidade da bebida
- Ausência de defeitos
- Doçura natural
- Acidez equilibrada
- Corpo e textura
- Retrogosto agradável
- Harmonia sensorial
Esses cafés destacam a doçura natural dos grãos maduros, proporcionando experiências únicas, muitas vezes comparadas a notas de frutas, flores ou chocolates.
Café extraordinário: raridade e prestígio
Acima do café especial, existe uma categoria ainda mais exclusiva: o café extraordinário.
Ele atinge mais de 90 pontos na escala SCA e é reconhecido por concursos como o Cup of Excellence, que premia os melhores cafés do mundo. Esses grãos são raros, produzidos em microlotes e valorizados internacionalmente.
Além de garantir preços muito superiores no mercado, também conferem prestígio aos produtores e às regiões cafeeiras.
O café mais bem pontuado do mundo
Um marco histórico ocorreu em 2005, quando a Fazenda Santa Inês, em Carmo de Minas (MG), conquistou o título de café mais bem pontuado do mundo no Cup of Excellence, alcançando 95,85 pontos.
Até hoje, esse recorde não foi superado, colocando o Brasil no centro do cenário internacional dos cafés especiais.
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Curiosidade: o que significa “bebida dura”?
Nos relatórios de cotação de commodities, é comum encontrar termos como “bebida dura”. Essa expressão refere-se a cafés que recebem notas entre 70 e 80 pontos.
- Bebida dura: cafés de qualidade mediana, geralmente destinados ao consumo interno.
- Bebida mole ou estritamente mole: cafés de maior qualidade, normalmente exportados.
Esse jargão é importante para entender as classificações comerciais do café no Brasil.
Como escolher o café ideal?
A classificação de cafés é fundamental para que o consumidor compreenda as diferenças entre os produtos disponíveis no mercado. Do extraforte ao extraordinário, cada categoria carrega consigo uma história, um processo e um impacto direto no sabor final da bebida.
Se o objetivo é apenas ter energia no dia a dia, o café tradicional pode atender. Mas, para quem busca experiências sensoriais únicas e valorização da cadeia produtiva, investir em cafés especiais ou extraordinários é a melhor escolha.
No fim, o café ideal é aquele que atende ao seu paladar, mas conhecer essas classificações é essencial para fazer escolhas mais conscientes e valorizar a riqueza do café brasileiro.