Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados em junho de 2025 apontam que o Brasil deve colher 58,2 milhões de sacas de café este ano, um aumento de 9,5% em relação a 2024.
Como maior produtor global, o desempenho da safra brasileira influencia diretamente os preços internacionais do café. Com essa recuperação robusta na produção, o mercado sinaliza o fim da escassez que elevou os preços nos últimos trimestres.
A redução nos valores à medida que o grão chega aos armazéns deve aliviar tanto os consumidores quanto pequenos comércios, que enfrentaram margens espremidas.
Neste artigo, você entenderá os motivos concretos por trás dessa mudança, quais os impactos para o mercado interno e externo e o que esperar dos próximos meses.

1. Safra em recuperação: o que os dados revelam sobre a produção atual
O Brasil atravessa um dos ciclos mais promissores dos últimos cinco anos no setor cafeeiro. Com o clima favorável durante a florada e um controle fitossanitário mais eficaz, as lavouras brasileiras apresentam qualidade e produtividade superiores em relação à média dos anos anteriores.
Segundo levantamento da Conab, a produção de café arábica deve crescer 11,3%, enquanto o robusta (ou conilon) apresenta alta de 6,1%. O Sudeste lidera com Minas Gerais respondendo por quase metade da produção nacional.
“Esta é uma das melhores perspectivas desde 2019”, afirma Marcelo Rezende, agrônomo especializado em cafeeiros. Isso reforça a expectativa de que a pressão sobre os preços comece a ceder gradualmente a partir do terceiro trimestre.
2. Por que a oferta brasileira afeta o preço global do café
O mercado de café é altamente sensível à oferta brasileira. Como o país responde por cerca de 37% da produção mundial (OIC, 2025), qualquer variação significativa nas safras afeta diretamente os preços nas bolsas de futuros.
Nos últimos anos, eventos climáticos extremos, como geadas e secas, comprimiram a oferta. Em 2021, por exemplo, o preço da saca de café chegou a ultrapassar R$ 1.500, um salto de mais de 70%.
Agora, com uma recuperação robusta, o mercado tende a reequilibrar estoques. Isso se traduz em redução gradual de preços tanto para exportadores quanto para o consumidor final. Grandes torrefadoras já sinalizam ajustes de contratos para os próximos meses.

3. Impactos diretos para o consumidor e o pequeno varejo
A expectativa de queda nos preços traz alívio para todos os elos da cadeia: do produtor ao consumidor final. Supermercados, que vinham aplicando reajustes frequentes, tendem a estabilizar os preços de prateleira.
Para pequenos comércios como cafeterias e mercearias, a diminuição no custo do insumo é vital. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o custo do grão corresponde a até 40% do preço final de uma xícara de café vendida no varejo.
Se você sentiu o bolso apertar nos últimos tempos, saiba que a tendência é de suavização até o final de 2025. Mas vale lembrar: o repasse ao consumidor pode demorar algumas semanas após o pico da colheita.
4. E se o clima mudar? Riscos que ainda cercam o mercado
Apesar da previsão otimista, o setor não está imune a riscos. Uma mudança abrupta no clima ou instabilidades no comércio internacional ainda podem interferir na curva de preços.
O El Niño, que perdeu força em meados de 2024, pode dar lugar a padrões climáticos imprevisíveis em regiões produtoras. Além disso, a logística portuária e os custos com combustível impactam diretamente a cadeia de distribuição.
Por isso, mesmo com boas projeções, especialistas alertam que a estabilidade no preço dependerá da manutenção das condições ideais até o fim da safra.
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Sinal verde para o consumidor, com cautela
A colheita recorde brasileira acende uma luz no fim do túnel para quem sente os efeitos do café caro. O aumento na oferta deve equilibrar os preços e aliviar a pressão nos supermercados e comércios locais.
Mas é fundamental acompanhar os desdobramentos climáticos e logísticos, que ainda podem interferir no ritmo da queda. De qualquer forma, a perspectiva é positiva e, se mantida, promete um segundo semestre mais ameno para o consumidor brasileiro.