A cena é comum em muitas empresas que adotaram o modelo híbrido: profissionais aparecem no escritório apenas para marcar presença rápida, tomam um café, circulam pelos corredores e logo retornam ao home office.
Essa prática, conhecida como coffee badging, virou uma espécie de “check-in social” em empresas que não exigem controle rígido de permanência.
Mas o que parece uma solução conveniente pode estar impactando negativamente a forma como colegas e líderes percebem sua postura profissional.
Com o aumento do trabalho híbrido e o desejo de manter a autonomia conquistada durante a pandemia, muitos recorrem a estratégias para cumprir formalidades sem, de fato, aderir à cultura presencial.
Só que isso levanta questões sérias sobre comprometimento, colaboração e confiança, especialmente em setores competitivos.
Neste texto, você vai entender o que é o coffee badging, por que ele está crescendo e como ele pode afetar sua imagem profissional a médio e longo prazo.
O que você precisa saber sobre coffee badging
- O que é coffee badging?
É o ato de ir até o escritório apenas para marcar presença física por um curto período, geralmente, tomar um café e depois voltar para casa para continuar trabalhando remotamente. - Por que o termo está se tornando popular agora?
Com a volta parcial ao presencial, muitas empresas exigem presença mínima no escritório. O coffee badging surgiu como uma forma de atender a essa exigência de maneira simbólica. - Isso é permitido pelas empresas?
Depende da cultura interna. Algumas toleram ou ignoram, enquanto outras consideram a prática uma quebra de confiança ou mau uso da política híbrida. - Quais são os riscos para a imagem profissional?
Pode transmitir desinteresse, falta de colaboração e baixa disponibilidade para interações que agregam ao time. Também pode ser visto como oportunismo. - Existe algum impacto direto em avaliações ou promoções?
Sim. Líderes e RHs observam comportamentos e atitudes. A prática frequente pode afetar avaliações de desempenho ou reduzir chances de crescimento.
Agora que você já entendeu o conceito, veja como o coffee badging surgiu e por que ele pode comprometer sua reputação a longo prazo.

A origem do coffee badging no mundo híbrido
O termo ganhou força nos Estados Unidos, onde empresas como Microsoft, Google e Meta passaram a adotar modelos flexíveis.
Com políticas que pedem dois ou três dias presenciais, muitos funcionários optaram por ir fisicamente até o prédio, registrar o crachá (o “badge”) e sair pouco depois, criando a rotina do “coffee badge”.
Segundo um relatório da Owl Labs de 2023, 58% dos profissionais híbridos nos EUA admitiram já ter praticado o coffee badging.
No Brasil, ainda não há uma pesquisa robusta sobre o tema, mas em fóruns como LinkedIn e Glassdoor, a prática já aparece como tendência crescente, especialmente em grandes centros urbanos.
Por que coffee badging pode parecer inofensivo, mas não é
Embora pareça uma “brecha inocente” no modelo híbrido, o coffee badging pode ter implicações invisíveis. Aqui estão os principais pontos de atenção:
1. Comunicação não verbal com a equipe
Mesmo que a política da empresa permita flexibilidade, os colegas percebem padrões de comportamento. A presença simbólica pode passar a mensagem de que o profissional não quer contribuir com o coletivo.
2. Construção da imagem interna
Profissionais visíveis (mesmo que por pouco tempo) têm mais chances de serem lembrados. Mas se a presença for associada à evasão, o efeito é o oposto: a pessoa será vista como alguém que tenta burlar o sistema.
3. Liderança observa consistência
Chefes e gestores avaliam não só entregas, mas também atitude, participação em reuniões presenciais e envolvimento nos momentos-chave. Quem aparece só para o “badge” pode ser percebido como desinteressado.
O impacto no longo prazo: reputação e crescimento na carreira
➤ Oportunidades perdidas de networking
A interação casual no café ou no corredor pode gerar ideias, resolver problemas ou iniciar projetos. Ao estar ausente desses momentos, o profissional limita sua influência e visibilidade interna.
➤ Construção de confiança
A confiança no ambiente de trabalho não depende apenas da performance remota. Estar presente e acessível mostra disponibilidade, comprometimento e fortalece relações.
➤ Percepção informal conta
Em muitas empresas, a imagem de “ser colaborativo” ou “estar sempre disponível” é formada por pequenos gestos e rotinas. Mesmo sem intenção negativa, o coffee badging pode corroer essa percepção.
Coffee badging é sempre um problema?
Não necessariamente. Há casos em que o profissional entrega acima da média, tem boa comunicação com a equipe e mantém vínculos fortes mesmo com presença limitada.

Nestes cenários, o coffee badging pode ser visto como parte de uma rotina adaptada, desde que haja transparência e equilíbrio.
A questão central é: essa prática está alinhada com a cultura da empresa e com seus objetivos profissionais? Se a resposta for “não”, é hora de repensar.
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Como manter flexibilidade sem prejudicar sua imagem
Se você valoriza o trabalho híbrido, mas não quer cair em armadilhas como o coffee badging, aqui vão orientações práticas:
- Negocie com clareza: Fale abertamente com seu gestor sobre expectativas e dias presenciais.
- Seja estratégico na presença: Vá em dias de reuniões, apresentações ou eventos de equipe.
- Crie vínculos consistentes: Participe ativamente de conversas, mesmo fora do presencial.
- Evite ser o último a chegar e o primeiro a sair com frequência.
- Peça feedback regularmente: Saber como sua postura está sendo percebida ajuda a ajustar comportamentos.
Coffee badging pode parecer uma saída simples, mas a forma como você se posiciona no modelo híbrido diz muito sobre sua maturidade profissional.
Marcar ponto sem presença real pode trazer mais prejuízos do que benefícios, especialmente em contextos onde cultura organizacional, colaboração e reputação interna contam mais do que você imagina.
Antes de repetir esse padrão, vale a reflexão: o conforto do home office está valendo o risco de minar oportunidades no ambiente de trabalho?